ASSIM, UM PAIS NUNCA VAI CRESCER
Este poema de Carlos drumond de Andrade,
E que se encontra no seu livro, tem no fundo do poema,
a foto de uma vagina de mulher. Alguém,
que só pode ser muito pudico, e que se serviu da defesa da sensibilidade, humana, resolvendo assim mutilar o livro, e consequentemente,
o poema e mais grave ofender a dignidade desse grande homem de letras, colocando no lugar da foto uma flor de girassol.
Se amanhã a minha filha perguntar à mãe, por onde ela saiu,
Quando nasceu, será que a mãe lhe deve dizer que ela saiu
por uma flor de girassol? É muito triste, sermos pequenos, e mais triste ainda, é por cada pessoa sensata, haver duas pessoas tacanhas, burras e atrasadas, que nem sequer respeitam os outros. Estando sempre apostado em não nos deixar crescer.
Se a natureza é bela, porque mutilá-la?
Para quem leu o livro e se lembra deste poema e da foto, aqui vai
Mimosa boca errante
Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.
Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma erecta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma erecta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.
O POEMA FOI TIRADO DA NET.