As saudades, de tudo
Saudade tenho eu tão sentida, que já não posso aguentar. Não sei se saudade da vida, se da morte que há-de chegar.
Eu não tenho pressa nenhuma, e não tenho nada a temer, E estou certo que ela de mim, que não se vai nunca esquecer.
Nem eu quero cá ficar, neste mundo Já caduco. Onde só ando a penar, sou arvore que já não dá fruto.
As minhas frases já não rimam, como rimavam antigamente. Os passarinhos já não trinam, ou o meu ouvido já não sente.
Vamos perdendo o sentir, de tudo o que a vida nos deu. É uma tristeza, concluir, que cada vez sou menos eu.
Eu Tenho andado tão triste, que choro de volta e meia. Porque será que não resiste, quem já riu tanto de mão cheia.
Tudo vai chegar ao fim, e tudo vai acabar. Só tenho pena de mim, porque de nada vale chorar.
É feio um homem chorar? Talvez seja não desminto. Mas podem acreditar. Tanto se me dá, branco como tinto.